O aumento do poder de compra da nova classe média incluiu milhões de brasileiros em esferas de consumo antes não acessíveis. A classe C representa, hoje, uma fatia tão grande da pirâmide social que já não pode mais ser vista como um segmento, mas como o verdadeiro mercado brasileiro. Esse grupo ganha 1,2 milhões de novas famílias e movimenta um trilhão de reais por ano – mais do que a soma do PIB anual de Argentina, Paraguai, Portugal e Uruguai. Além disso, responde por 78% do que se compra nos supermercados e mais de 60% da renda nacional. Junto à classe D, possuem sete de cada dez cartões de crédito ativos no Brasil.O protagonismo da nova classe média na movimentação da economia nacional ainda não é totalmente compreendido por se tratar de um fenômeno social recente. Ela é formada, em sua maioria, por pessoas que migraram da classe D graças a um círculo virtuoso que inicia com a distribuição de renda, causando o aumento do emprego formal e acarretando em aumento da escolaridade. De 2002 a 2011, 800 mil pessoas da classe D ingressaram no ensino superior e, estatisticamente, sabe-se que cada ano a mais de estudos representa um incremento de 15% na renda. “A dona de cada e o pai de família todo dia decidem se é melhor comprar um arroz de primeira qualidade ou um sabão e pó que realmente deixe o uniforme do filho branco. O desafio é fazer com que a compra de móveis seja vista como prioridade no universo de consumo dessa família”, aponta Meirelles.Houve uma democratização das categorias de consumo, aumentando o rol da cesta da classe média. Por isso, a indústria moveleira busca subsídios para acompanhar essa demanda, que é bastante peculiar. Enquanto as classes do topo da pirâmide buscam personalização da oferta, diferenciação por meio do consumo e são menos fiéis às marcas, a população emergente procura inclusão, pertencimento e vantagens concretas, sendo mais fiel às marcas que comprovem uma relação custo-benefício adequada. Ao contrário do senso comum, não compram apenas pelo preço, mas por considerarem justo o valor cobrado por um produto ou serviço. A nova classe média brasileira é mais rica do que 64% da população mundial e gasta R$ 19,4 bilhões por ano apenas na cadeia moveleira. “A cada R$ 100 gastos com móveis no Brasil, R$ 46,5 são da classe C e R$ 19,9 da classe D. É para esse brasileiro que temos o desafio de mobiliar a casa”, finaliza, Renato Meirelles.

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Publicado em: 2011-11-28

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